domingo, 3 de janeiro de 2010

Arco-íris



Todo dia, a menina corria o quintal, procurando um arco-íris.
Corria olhando para o alto, tropeçava e caía.
Toda vez que se machucava, vinha chorando uma cor.
Um dia, chorou o anil até esvaziá-lo dos olhos.
Depois, chorou laranja, chorou vermelho e azul.
Chorou verde. Violeta. Amarelo e até transparente!
Chorou todas as cores que tinha, todas as cores de dentro.
Então, abriu os olhos e nem o arco-íris, ela viu.
Não viu flores e borboletas. Não viu árvores e passarinhos.
Pensando que era ainda noite, deitou-se na cama e dormiu.
Pensando que era tudo escuro, nem levantar-se ela quis!
Ficou dormindo cinzenta, por dias e noites sem fim...
Foi quando um sonho, tão colorido, derramou-se dentro dela!
Tingiu o travesseiro e a fronha, o lençol e o pijaminha.
Tingiu a meia e o quarto. Tingiu as casas e os ninhos!
A menina abriu a janela e viu que hoje não tinha arco-íris.
Mas tinha o desenho das nuvens. Tinha as flores e um passarinho.

3 comentários:

  1. A Ritinha é uma menina danada de "poemática"...
    Além de linda, linda!
    Adoro os textos dela.
    ;)
    A frase que relembraste há pouco, lá do netlog, e que deixaste no messenger, é invenção sua...
    Se puderes, visita o "Jornal das Pequenas Coisas", um blog dela.
    Deixo também o link para o twitter, onde há citações deliciosas:
    http://twitter.com/rita_apoena

    E um cesto de beijos floridos a ti !!!

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  2. Adorei a estória.. e o arco-iris entrou por aqui... deixando um rasto luminoso que ainda se faz sentir... que bom percorrer todas as tonalidades num imaginário pincelado com tanto amor e criatividade.
    Parabéns pela escolha
    Beijos

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  3. Tu sabes que esta imagem era das minhas preferidas lá na tua outra casa?

    Linda! Linda!

    Para esta menina, um envelope enviado por um beija-flor com asas das cores do arco-íris:

    (...)
    entre as flores há restos de búzios
    de um azul muito claro. como os gestos
    de uma ternura sobrevivente. como
    folhas soltas que contivessem os gráficos
    de mil olhares

    como se fossem os estilhaços da lettera amorosa

    que não escreveste nem recebeste mas existe.

    [Manuel Gusmão]

    Com carinho.

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O DESTINO DECIDE QUEM ENTRA NA MINHA VIDA MAS A ATITUDE DECIDE........
QUEM FICA.